Do ancestral zazen às práticas contemporâneas, podemos contar com uma pequena ajuda na hora de meditar.

Com tamanha carga simbólica, não é de se espantar que a meditação tenha, a seu modo e por meio de um número cada vez maior de praticantes, transformado o globo. Talvez seu cérebro esteja lhe convidando a visualizar, nesse momento, inúmeras pessoas meditando em diferentes lugares. Só por curiosidade: em que posição elas estão?

O homem sentado mais famoso da história

Nascido em Lumbini, na Índia, Sidarta Gautama abdicou de seus privilégios sociais e econômicos para viver a verdade do mundo. Mais de sete mil anos atrás, o jovem percorreu diferentes paisagens da Índia Antiga e não só viu a verdade como dela se desapegou. 

E não foi por meditar pouco que a icônica figura de Buda, inspirada popularmente pela trajetória de Sidarta, está eternamente sentada na posição de lótus. Em uma importante passagem, Sidarta medita por 49 dias e 49 noites aos pés de uma árvore na região indiana conhecida como Bodhgaya. Por fim, alcança a Iluminação.  

Cultural, religiosa e histórica, portanto, a meditação contém em suas próprias raízes a ideia de uma experiência que conduz ao equilíbrio. De forma irônica (ou talvez mais causal do que se possa compreender), é também a sugestão de um rompimento. E o que fazem seus braços, seus olhos, como seu corpo se porta enquanto a mente experimenta algo tão expansivo?

Uma pequena ajuda dos amigos zafus

Há uma variedade razoável de protocolos corporais associados à prática meditativa. O próprio termo demanda uma flexão gramatical mais apropriada: as práticas meditativas. No plural. Estamos falando de metodologias e aprendizados que atravessaram fundações antigas e ainda estão se transformando.

É a famosa posição de lótus, porém, que permeia o imaginário popular sobre o tema, se é que há apenas um. E não se trata apenas de imaginário: comprovadamente, o relaxamento e o controle da respiração são alguns dos diversos benefícios de se sentar, flexionar as pernas e deixar a coluna ereta. 

Quem sabe disso muito bem e há centenas de anos são os praticantes do Budismo Zazen, que têm como principal conduta o “simples” ato de se sentar e deixar que os pensamentos fluam. E para uma curva lombar mais adequada, proporcionando o alinhamento entre os joelhos e o cóccix, eles contavam e ainda contam com a ajuda de um importante acessório: o zafu.

Esse é o zafu, almofada utilizada durante a meditação para uma curva lombar mais adequada, proporcionando o alinhamento entre os joelhos e o cóccix (Foto: Leve Luz)

“Essa almofada tem a função de permitir que a pelve se mova para frente e apoie assim, os joelhos no chão”, conta a empresária Angélica Schwabe. “Os dois joelhos e o cóccix são os três pontos em que a posição é mantida. Uma postura equilibrada e estável é alcançada”.

Schwabe conta que todos os músculos relaxam quando se utiliza o zafu. “A freqüência cardíaca e a pressão sanguínea diminuem, a respiração se torna mais profunda e sua capacidade de concentração aumenta”, ela descreve.

Por isso, os zafus são indicados em diferentes situações. Como Schwabe explica, sua função vai além da prática meditativa. “Desde os tempos antigos eles foram utilizados por pessoas com problemas e/ou dores na coluna e para corrigir a postura. Ao sentar em um zafu, sem o apoio para as costas, acontece uma elevação dos quadris e da parte superior do corpo, de forma que as suas pernas podem descansar de forma confortável e os seus joelhos se aproximam ou tocam o chão”. 

Com as coxas levemente inclinadas para baixo, a pelve é empurrada de forma natural para frente, o que favorece a curvatura correta da coluna. “Quando isso ocorre”, conta a empresária, “suas costas, ombros, pescoço e cabeça alcançam uma postura ereta e confortável que é mantida com facilidade e mínimo esforço”.

O alinhamento corporal é, sem dúvidas, um dos principais auxiliares na prática meditativa, motivo pelo qual os zaus são ideais durante a meditação, mas vale lembrar que seu uso pode ser variado (Foto: Leve Luz)

Outros benefícios do uso do zafu para se manter sentado de forma confortável são:

  • Apoio para diminuir o estresse na coluna, prevenindo danos físicos;
  • Aumento do poder de concentração;
  • Diminuição do ritmo cardíaco e da pressão sanguínea;
  • Aprofundamento da respiração
  • Estímulo da circulação de energia e do relaxamento

Especializada na fabricação de zafus artesanais, a empresa Leve Luz, de Curitiba, no Paraná, une todos esses benefícios a uma proposta sistêmica de produção. Além de reutilizar tecidos de parceiros selecionados e, assim, contribuir para o uso sustentável de materiais de confecção, a empresa incentiva profissionais que têm na costura sua única fonte de renda. 

E os zafus não são os únicos acessórios confeccionados de forma artesanal e exclusiva que a Leve Luz oferece para auxiliar na prática de meditação: os japamalas também podem fazer toda a diferença para quem sente dificuldades na hora de manter o foco em uma posição nova.

Um cordão sagrado ajuda muita gente

Quantos elefantes cabem na sua mente? Se um já incomoda, pode ser difícil lidar com vários. E contar carneirinhos não deve resolver: o estado meditativo requer uma presença quase descompromissada. É aí que até mesmo o mais ínfimo mosquito no ambiente pode se tornar gigante.

Mas o único animal que de fato tem algo a ver com tudo isso é o ser humano. Como esse cérebro extremamente evoluído lida com a simples presença? Se você não entendeu, experimente passar um minuto em absoluto silêncio. Não se mova, não se incomode. Apenas esteja. Ao final, prossiga para o próximo parágrafo.

Se você não conseguiu fazer isso sem pensar no que seu chefe disse de manhã, na tarefa da tarde que ficou sem ser cumprida ou no que vai ter para o jantar, saiba que faz parte de um grupo vasto. A grande maioria das pessoas sente certa dificuldade em simplesmente parar por alguns segundos. 

Mas se estamos falando de meditação, estamos falando, em alguma medida, de parar. Às vezes, por muito mais do que alguns segundos. Difícil? Não para os hindus.

“A utilização de japamalas aumenta a felicidade e a capacidade de meditação”, conta Angélica Schwabe. “As contas do Mala dão mais foco e maior determinação a quem as utiliza.”

Combinado com a entoação de mantras, esse acessório que tem origem em práticas sagradas do Hinduísmo é composto por uma sequência de contas que possibilita a condução mais favorável da meditação. “Geralmente o Japamala contém 108 contas”, descreve Angélica. Mas ela explica: “Também existem outros modelos, que são as divisões de 27 ou 54 contas, de modo que o mesmo cálculo possa ser mantido, repetindo [a mesma sequência] quatro ou duas vezes, respectivamente”.

Os japamalas são cordões de contas utilizados há centenas de anos durante práticas associadas à meditação (Foto: Leve Luz)

Pedras e cristais: combinando meditação com proteção

As contas podem ser feitas de diferentes materiais. Os japamalas da Leve Luz, que conta com linhas exclusivas em versões variadas, são compostos por amuletos de poder que exercem influência na prática da meditação e até mesmo na vida do praticante. “As pedras e os cristais possuem características poderosas que são conhecidas desde a antiguidade. Eles são formados por meio de um processo natural que pode demorar milhares de anos e acontece nas cavidades da Terra”, explica a empresária.

Ela destaca, ainda, os variados benefícios e usos do japamala: “além de aumentar e manter a sequência de uma meditação com mantras, ele permite a transmissão de poderes de cura através do contato físico”. Por isso, é considerado também um amuleto de proteção. “E ainda pode ser usado como um acessório estético de decoração ou de vestuário”, conclui.

Os amuletos de poder, como cristais, podem influenciar em diversos aspectos de como nos relacionamos conosco e com os outros. “[Eles] nos ajudam a nos reconectar com o que é essencial”, revela a empresária. “Por serem transmissores e receptores de energia, cada pedra ou cristal possui funções específicas”.

Além de charmosas, as peças com uma menor quantidade de contas são ideais para contar com o poder dos amuletos ao alcance dos dedos em qualquer lugar (Foto: Leve Luz)

Não é por acaso que as peças desenvolvidas pela Leve Luz são especialmente pensadas para serem um amuleto capaz de transformar a vida de quem o utiliza. “Quando eu faço um artigo novo, além da composição de cores, também deixo que as pedras se encontrem de forma intuitiva”, conta Angélica Schwabe, que não deixa de ressaltar a importância da liberdade na prática meditativa.

Afinal, embora não seja obrigatório, o uso do japamala tem ajudado pessoas em sua prática espiritual há milhares de anos, auxiliando no processo de elevação. Dos antigos hindus aos meditantes modernos, ele é um item que, assim como os zafus, têm ajudado muita gente a se conhecer melhor.

E Angélica adverte: “Depois do Japamala tocar na nossa pele, ele fica ligado a nossa alma, ele é nosso e não deveria ser emprestado a ninguém. É um objeto pessoal, pois vai carregar a nossa energia durante muito tempo”.

Matéria Original publicada na Revista Mandala

Edmar Ribeiro

Jornalista e ilustrador